No século XI o Papa Urbano II conclamava num descampado na França o seguinte, depoimento de um tal Fulcher de Chartres, testemunha ocular:“Deixar os que outrora estarem acostumados a se baterem, impiedosamente, contra fiéis, em guerras particulares, lutarem contra os infiéis… Deixai os que até aqui foram ladrões, tornando-se soldados. Deixai aqueles que outrora se bateram contra seus irmãos e parentes, lutarem contra os bárbaros como devam. Deixai os que outrora foram mercenários a baixos salários, roubem agora a recompensa eterna.”

Eram as primeiras cruzadas e apesar do fracasso da maioria delas, estes fiéis (os infiéis eram os mulçumanos) descobriram que no meio do caminho podiam adquirir muitas especiarias e revendê-las. No fim, as cruzadas eram pretextos para um novo tipo de classe que estava surgindo no mundo, a burguesia e, com isso, a origem do capitalismo.

Desde sempre existiram empreendedores, mesmo em épocas pouco prováveis, com adversidades incontáveis, sempre alguém enxergava uma oportunidade de ganhar dinheiro. Isto faz parte da natureza humana, aliás, nas adversidades se descobrem coisas inimagináveis. Os italianos que estavam no meio do caminho foram os que mais se beneficiaram destes novos empreendedores, financiando inclusive muitas expedições. No fim, Deus era apenas o pretexto para buscar oportunidades.

Isto é assim desde sempre, falar em fim do capitalismo é tão utópico como igualdade. Está na alma das pessoas o interesse e a curiosidade e, porque não, adquirir?